Rui Vinhas
Tutor

Entrevista

Rui Vinhas, R&D Team Leader na Coriant, revela-nos o seu percurso profissional, e como este culminou com a Gestão de Projetos e Metodologias Ágeis.

A minha principal responsabilidade é garantir que as equipas com as quais interajo têm todas as condições para realizar o seu trabalho.


A tua formação académica começou na área de Engenharia Informática. Conta-nos um pouco sobre o teu percurso académico e profissional.

Comecei a trabalhar por volta do ano 2000, aproveitando a boleia do bug do milénio e tirando partido da grande procura de programadores que havia na altura.

Passei por áreas tão distintas como banca, aeronáutica e aerospacial, telecomunicações, sempre ligado ao desenvolvimento de software.

Atualmente trabalho com equipas de desenvolvimento de software em contextos de desenvolvimento em escala, na criação das suas dinâmicas internas, na evolução das suas práticas de engenharia e na sua interação com as restantes partes da organização.


Como surgiu o interesse pela área de Gestão de Projetos e Metodologias Ágeis?

Surgiu pela necessidade de as equipas de desenvolvimento com as quais trabalhava terem capacidade para se adaptarem às constantes mudanças de direção impostas pelo mercado em que operavam.

Os processos instituídos na altura eram pouco flexíveis e davam pouca margem para acomodar as constantes mudanças quer no âmbito do que estava a ser pedido quer na forma como o próprio trabalho era desenvolvido.

Era comum os problemas manifestarem-se maioritariamente em fases tardias do processo de desenvolvimento o que obrigava a que grande parte do trabalho entretanto acordado e desenvolvido tivesse que ser refeito, o que representava custos quer para a empresa quer para as próprias pessoas envolvidas.

Tinha que haver uma forma melhor de fazer as coisas…


Como é a tua rotina de trabalho? Quais são os principais desafios que enfrentas no teu dia-a-dia profissional?

A minha principal responsabilidade é garantir que as equipas com as quais interajo têm todas as condições para realizar o seu trabalho. E quando essas condições não existem há que ir à procura delas e resolver qualquer bloqueio que impeça o progresso da equipa.

Pelo meio há conhecimentos que têm que ser transmitidos, pessoas a treinar, execução e respetivo progresso para acompanhar e processos coletivos para afinar. Tudo isto é feito recorrendo a práticas Agile que são adaptadas ao contexto concreto em que são aplicadas.


Consideras que a utilização de Metodologias Ágeis está a crescer em Portugal? De que forma a utilização das mesmas poderá potenciar as empresas que adotem o pensamento Agile?

O Agile é algo que está na moda. Todos querem ser ágeis e todos querem ter espírito de startup. As promessas de eficiência e melhores tempos de resposta às exigências do mercado verbalizadas pelo movimento Agile fazem com que a adoção de práticas Agile pelas empresas seja algo bastante atrativo.

No entanto, há que ter alguma cautela quando se inicia um processo desta natureza. No imediato podem-se ver algumas melhorias com a introdução de novas formas de trabalhar, mas é muito frequente haver uma estagnação dos resultados a partir de certa altura. Há toda uma cultura de trabalho e de processos que têm que ser mudados e, para além de isso levar o seu tempo, é algo que necessita de ser feito diariamente e numa perspetiva constante de evolução.

É muito frequente ver-se empresas, que iniciaram o processo de transformação para Agile, desistirem e regressarem à antiga forma de fazer as coisas por não estarem a atingir os resultados que inicialmente esperavam.


Que evolução prevês no campo da Gestão de Projetos?

No que diz respeito a desenvolvimento de software, tenho experienciado uma certa desconstrução das abordagens mais tradicionais de gestão de projeto no sentido de eliminar toda e qualquer atividade que não traga valor acrescentado.

Há no entanto áreas que são fortemente regulamentadas e que exigem que haja o cumprimento de uma série de práticas e regras e, nessas situações, abordagens tradicionais de gestão de projeto continuam a ter o seu espaço.

Dependendo do contexto, a receita a aplicar poderá ser diferente (tipicamente é!), logo quanto maior for o leque de ferramentas à disposição de quem está a gerir um projeto ou uma equipa, maiores serão as suas probabilidades de sucesso.


Utilizas algum tipo de recursos ou plataformas para te manteres atualizado sobre as tendências do digital?

Existem um sem número de conteúdos disponibilizados na internet das mais variadas formas (blogs, webinars, podcasts, fóruns, etc). E esta é talvez a principal fonte de conteúdos que utilizo no meu dia-a-dia.

A dificuldade por vezes está em filtrar e selecionar a informação que nos interessa em determinado momento. A internet é um bom, mas caótico, veículo de transmissão de informação e tudo nos chega em doses massivas, por vezes em contradição.

A partilha de experiências e conhecimento entre colegas de profissão é por norma uma ótima fonte de informação e quando pretendo uma abordagem mais estruturada para aprofundar conhecimentos num determinado tópico normalmente recorro a cursos e/ou a livros especializados sobre a matéria.


Que características deve ter, na tua perspetiva, um bom profissional desta área? Neste sentido, que conselhos podes dar a quem tem interesse em entrar e suceder no mercado digital?

Há dois aspetos que não podem ser dissociados.

A parte do conhecimento técnico como boas práticas ao nível da engenharia de software, gestão de projetos, frameworks Agile, Lean e System Thinking, apenas para referenciar algumas.

Depois há a área que normalmente é denominada de ‘coaching’, o que em Agile significa ser-se um agente de mudança. E para isso é necessário desenvolver as suas capacidades para auxiliar as pessoas e elas próprias poderem crescer na sua atividade profissional e contribuírem com elevados níveis de desempenho para a equipa.


Que características deverá ter um bom profissional para ser um Digital Project Manager de sucesso, na tua opinião?

Deverá ser alguém que potencia a identificação de problemas e que ajuda na procura de soluções para os resolver.

Deverá ter os conhecimentos técnicos e a capacidade de auxiliar outros tal como referi anteriormente.

E experimentar. Afinar aquilo que funciona, descartar o que não funciona e repetir este processo outra e outra vez.



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