Joel Ventura
Tutor

Entrevista

Joel Ventura é Senior UX/UI Designer e tutor da EDIT. Porto. Em entrevista, conta-nos o seu percurso, quais são as metas profissionais que gostava de atingir e ainda destaca alguns exemplos de plataformas digitais que considera serem uma boa referência no campo do UX&UI Design.

Acho que a vida de um designer tem de ser feita de objetivos renováveis constantemente. A isso chama-se ambição no fundo.


Porque decidiste optar pela área do Design Multimédia como base para o teu percurso? Fala-nos um pouco sobre ele e sobre as tuas experiências profissionais. 

Na verdade não fui bem eu que escolhi o Design Multimédia; foi um bocadinho ele que me escolheu a mim; passo a explicar; 2007, vindo de Artes Visuais e com vontade de ingressar em arquitetura ou design industrial; a média em matemática não era fantástica e por isso algumas das faculdades às quais queria concorrer deixaram de ser hipótese. O Design Multimédia surgiu por isso quase que por conveniência. Não tinha qualquer experiência em ferramentas, métodos, formas de fazer design. Foi por isso um shift enorme no meu percurso e teve de haver por isso uma adaptação muito “autodidata” de ir à procura e saber sempre mais sobre variadas áreas. Essa mudança moldou bastante o que sou hoje enquanto profissional mas também como pessoa.

Durante 2 anos dei formação de Desenho, Geometria e Design Gráfico, passei por design digital de 2012-2015, pelo branding, editorial design, print design e artes finais de 2015-2017 e voltei ao digital, mais concretamente UX/UI Design desde Novembro de 2017 até ao momento.

Posso dizer por isso que sou hoje um designer multidisciplinar porque consegui ir avaliando o meu presente mas também o que poderia ser o meu futuro e as minhas experiências profissionais teem sido um reflexo da avaliação que gosto de ir fazendo sobre quais skills tenho agora e quais as que quero conhecer e que ainda estão em falta


Que desafios enfrenta um UX/UI Designer, na tua opinião?

Por inerência a trabalharmos com e para  tecnologia, faz com que tenhamos de acompanhar a velocidade dos tempos; com essa necessidade de cultivarmos o conhecimento das chamadas tech trends vem também a necessidade de nos adaptarmos ao desenvolvimento e design de experiências de utilização que tenham significado e que marquem a diferença num mercado cada vez mais saturado e onde no fundo somos ou devemos ser os arquitetos não das experiencias para ontem e hoje, mas sim de hoje para amanhã.


Na tua perspetiva, quais serão as tendências no design digital e UX&UI design a curto-médio prazo? 

Com o desenvolvimento cada vez mais proeminente e acelerado de algumas tech trends como Inteligência artificial, interfaces ativados por voz, assistentes virtuais,  veículos autónomos entre outros, faz com que analisando todas elas, achemos um denominador comum, um interface não existente e não traduzido em pixeis. Torna-se por isso algo muito mais orgânico e natural. A necessidade de o homem conseguir mimicar as relações humano-humano à relação máquina-humano, faz com que estas barreiras encapsuladas em ecrãs possam vir a deixar de existir. Diria por isso que as experiências e interfaces de utilização do futuro serão muito mais centrados no comportamento e na análise de emoções, convergindo em interações orgânicas em que a o tap, o click, o swipe deixem de existir e utilizemos muito mais os meios com que sempre nos relacionámos, a voz, as emoções, o pensamento, a mente.


Podes destacar um ou dois exemplos de plataformas digitais que consideres serem uma boa referência no campo do UX&UI Design? 

Para além de algumas plataformas que considero serem crónicas e por isso must have na vida de um designer, costumo ler com frequência artigos relacionados ao UX no Medium; julgo que como partilha de conhecimento nestes campos e de experiências comprovadas em case studies e partilha de resultados, é uma plataforma interessante para aprendermos uns com os outros. Por terem sido pioneiros em algumas questões relacionadas ao UX e também pela excelente fonte de estudo e partilha de conhecimento que são, sigo com afinco o website do Nielsen Norman Group.

 


Tens alguma meta profissional definida que gostasses de atingir?

Sim claro. Acho que a vida de um designer tem de ser feita de objetivos renováveis constantemente. A isso chama-se ambição no fundo. Vejo-me num futuro próximo num cargo de Creative ou Art Director, onde possa juntar todas as áreas por onde passei e pelas quais me considero um designer multidisciplinar. Por esse motivo e acho que também por já ter sido formador e continuar a cultivar essa vertente, o sentido de liderança de equipa vem também ao de cima obviamente.


Que recursos/plataformas aconselharias para quem quer saber mais sobre a temática do UX&UI?

Com dizia, para além dos crónicas Awwwards, Dribbble, Behance, Nielsen Norman Group, Invision Blog, Smashing Magazine, ultimamente tenho usado bastante o Medium. Acho uma plataforma interessantíssima na partilha de conhecimento e experiências entre pares tanto como na temática do UX como UI.


Serás tutor do novo curso intensivo UX Foundations da EDIT. Porto. De que forma pretendes dinamizar as tuas aulas? Também esperas aprender com os alunos?

Pretendo que as minhas aulas sejam muito práticas e com exemplos de campo e de mercado. Não faz sentido termos toda a teoria quando depois grande parte não é aplicável aos setores, mercados ou áreas de uma forma real. Os exemplos e desafios do dia-a-dia são aqueles que realmente nos fazem pensar mais e encontrar novas soluções para aqueles problemas. Claro que espero aprender com os alunos. Eu não ensino, eu partilho conhecimento adquirido ao longo do que tem sido a minha carreira e as soluções usadas para atacar certos problemas. Claro que ao usar estes exemplos, faz com que o meu estilo de ensino seja algo muito pessoal e baseado nas minhas interpretações e conhecimento de causa do que se faz no mercado com clientes reais. Os alunos são sempre fonte de inspiração e obviamente de conhecimento. O facto de podermos ter alunos de várias áreas, faz com o que essa transferencia de conhecimento seja sempre bidirecional e não unilateral. Essa possibilidade é uma fonte de entusiasmo para mim enquanto pessoa e profissional na área.


Tendo em conta que, atualmente, este é um mercado à procura de profissionais, e cada vez mais existem especialistas na área, que conselho darias para quem ambiciona entrar na indústria digital?

Os conselhos que dou são sempre muito centrados em experiências que fui tendo. A necessidade de se cultivarem e manterem-se a par das tendências é importantíssimo. Isso pode ser feito muito à base do estudo e pesquisa mas também ao se rodearem de pessoas que vos transmitam conhecimento e expertise de alguma forma. A troca de experiências é para mim uma das maiores fontes de riqueza de conhecimento que existe. Tentem fazer sempre o que gostam para que elevem o vosso bem estar pessoal e profissional. Antes de enveredarem pelo que quer que seja, auto avaliem-se e tracem um plano de carreira. O que é que eu, enquanto Designer Gráfico, UX/UI Designer ou outro, quero fazer amanhã, daqui a um ano, daqui a cinco, daqui a dez?  Claro que é subjetivo falarmos num plano a médio/longo prazo quando falamos de tecnologia porque é um corpo em constante movimento e mutação, mas acho que um bom delineamento de ideais de carreira é meio caminho para que daqui a algum tempo olhemos para trás e sintamos não só orgulho pelo que fizemos mas também um enorme entusiasmo pelo que ainda vamos fazer.



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