Filipe Bernardes
Tutor

Entrevista

O Project Manager na Shift Thinkers e tutor do Workshop Wordpress Content Management na EDIT. Lisboa, partilha connosco alguns exemplos de websites de referência criados em Wordpress, bem como os maiores desafios da sua profissão.

Sejam curiosos e utilizem a informação que têm disponível para deitar abaixo os “achismos”


Desvenda-nos um pouco do teu percurso profissional.

O meu percurso é, de certo modo, um pouco atípico: licenciei-me em Engenharia Geológica e trabalhei nessa área durante uns tempos, como analista de dados e gestor de projeto; por mero acaso, surgiu a oportunidade de começar a trabalhar em agência como gestor de conteúdos web e paginador freelancer. Como já tinha alguns conhecimentos na área e andava um pouco indeciso relativamente ao rumo da minha vida profissional, este período foi fundamental para me ajudar a perceber se estava na direção certa e quais as áreas em que teria de me focar, para colmatar a ausência de formação formal.

Dado o primeiro passo, as coisas foram-se sucedendo tendo, nos últimos anos, desempenhado várias funções que me têm ajudado a ampliar as minhas competências nesta área, tanto ao nível da gestão de projetos (on e offline), como de áreas mais específicas (redes sociais, estratégia digital, lead generation, etc.)


Qual julgas ser o maior desafio da tua profissão?

As buzzwords e as “fórmulas mágicas”. Apesar de se ter tornado uma crença mais ou menos enraizada (possivelmente originada pela proliferação de gurus, ninjas e artigos de “10 formas de…”), por mais guidelines, frameworks ou workflows que tenhamos na ponta dos dedos, é importante reconhecer que cada cliente e cada projeto têm características e especificidades próprias (que devem ser identificadas e trabalhadas de início) e que, para além disto, as soluções que apresentamos (qualquer que seja a sua forma ou feitio) devem estar sempre adaptadas aos objetivos de negócio, e não o contrário.


Na tua opinião, quais foram os benefícios mais significativos que os canais digitais trouxeram para a comunicação entres marcas e consumidores?

Sem dúvida, a capacidade de trabalhar a proximidade da marca junto do consumidor — quer pela interação (ex: social media), quer pela personalização das mensagens/conteúdo —, e a quantidade de insights a que hoje temos acesso, derivados da informação que os canais digitais nos fornecem.


Relativamente ao WordPress, e tendo em conta o que fazes no teu dia a dia, existe alguma coisa que gostarias de ver integrado, que ainda não tem?

Não tanto ao nível de funcionalidades (a quantidade de plugins disponíveis é gigantesca e cobre praticamente todas as necessidades), mas de uniformização de processos. Sendo um projeto open source, com tantas pessoas a contribuir por todo o mundo, é certamente complicado garantir que todos os temas e plugins respeitem as guidelines propostas pela plataforma; no entanto, e na minha opinião, isto condiciona muitas vezes a opinião que as pessoas têm da mesma, devido a más experiências com temas ou plugins pouco robustos.


Trabalhas apenas com o WordPress ou utilizas outros sistemas de gestão de conteúdos?

Tenho trabalhado sempre num regime misto, ou seja, a escolha do CMS é feita tendo em conta a natureza, timing e orçamento do projeto. Regra geral, quanto mais específico um website, maior a necessidade de criar soluções personalizadas o que, por vezes, condiciona a utilização do WordPress, ou implica uma personalização tão extrema que se torna incomportável em termos de custos.


Quais são as principais vantagens de usar este CMS?

Das várias que poderia enumerar, a rapidez de implementação e a otimização em termos de tempo e custo do projeto, o número de temas e plugins disponíveis e a documentação disponível (oficial e não oficial).


Podes destacar um ou dois websites criados em WordPress que tenhas como referência?


E projetos teus? Quais foram os que deram mais gosto trabalhar/participar?

Dos vários em que participei ao longos dos anos, destaco o website da Mobizy, pela possibilidade de participar ativamente em todas as fases do projeto, desde a criação do sitemap até à escolha dos pontos de medição. Enquanto exemplo prático, ilustra na perfeição um dos pontos que abordo com maior frequência nos workshops: a facilidade e rapidez que o WordPress nos oferece para mudar não só o conteúdo, como toda experiência de navegação que pretendemos oferecer ao utilizador, sempre que necessário.


Tens alguma sugestão para quem está agora a começar a trabalhar com WordPress?

Deixo aqui três pontos, que foco com bastante frequência nos workshops:

1- Quando estiverem a escolher um tema, explorem a demo até à exaustão para garantir que se adequa às vossas necessidades — um levantamento de requisitos no início dos projetos ajuda a poupar muitas chatices mais à frente (especialmente quando precisamos de uma tonelada de plugins adicionais).

2- Tenham sempre uma instalação para testes e evitem fazer as vossas experiências na instalação final.

3- Pensar sempre no mobile em primeiro lugar — especialmente nos projetos em que o website é a única fonte de conversão, e mesmo quando isso implica rever grande parte dos pressupostos iniciais.


Qual foi a tua maior conquista até hoje?

Ter saído da minha zona de conforto e arriscado a mudança de área profissional, quando todas as evidências me diziam para ficar sossegado no meu canto.


Indica dois livros de referência e dois websites para quem quer aprender mais um pouco sobre este tema.

  • Livros:

“The Art of SEO” – Eric Enge et al

“Advanced Web Metrics with Google Analytics” – Brian Clifton

  • Websites

WordPress;

Conteúdo;

Digital Marketing;

Web Design;

UX Design;


E nos teus tempos livres, o que gostas mais de fazer?

Explorar a criatividade noutras vertentes (fotografia, pintura e culinária), ler (muito!), tentar manter as minhas plantas vivas, viajar e, se os astros estiverem alinhados, dedicar-me sem culpa a não fazer nada (o que, apesar das crenças modernas, faz milagres a quem está sempre exposto a informação e estímulos).


Como é a experiência de ser tutor de um workshop na EDIT.? Que aspetos realças?

Enriquecedora, muito enriquecedora. A preparação para cada workshop “obriga-me” a rever os conteúdos e garantir que a informação está atualizada; por outro lado, os diferentes backgrounds e experiências dos alunos ajuda a que os workshops tenham sempre dinâmicas diferentes, determinadas pelos desafios que têm de ultrapassar nos seus projetos e que os leva a frequentar o workshop — o que, regra geral, significa que a meio do exercício prático, já não estamos a seguir o guião e vamos fazendo experiências em tempo real para satisfazer as muitas questões que surgem.


Podes deixar um conselho para os nossos alunos que pretendem entrar no mercado?

Observem com atenção o mundo que os rodeia, sejam curiosos e utilizem a informação que têm disponível para deitar abaixo os “achismos” que vão encontrar.



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