Diogo Pinheiro
Tutor

Entrevista

Diogo Pinheiro é Managing Partner na Legendary e tutor do programa Digital Marketing & Strategy da EDIT. Porto. Nesta entrevista foca a necessidade de recursos qualificados no mercado digital, da importância de um mind-set digital e ainda aconselha: "Faz acontecer e serás valorizado por isso. "

O que nós dizemos é que nem se deve dar pela tecnologia, se estamos a falar dela é porque está com problemas.


 

Conta-nos um pouco sobre a tua formação académica e a experiência de estudar no estrangeiro.

A minha formação de base é a engenharia, no entanto, acabei por fugir para o marketing visto que era a área que mais me atraía. Tirei uma pósgraduação em Gestão da Informação e Marketing Intelligence na PBS que me ajudou imenso a ligar os dois mundos que atualmente trabalho: a tecnologia, comunicação e informação.

A minha licenciatura foi feita em Cardiff e foi uma experiência que me fez crescer a nível pessoal e profissional. Desde muito cedo habituei-me a lidar com problemas e a resolver várias questões de forma autónoma. Tive também uma experiência profissional na Panasonic Manufacturing UK que me ajudou a perceber uma realidade completamente diferente da que temos em Portugal.


Em que medida a formação influenciou o teu percurso profissional? Fala-nos um pouco sobre este.

A formação ajudou a montar o puzzle, mas na realidade foi mesmo o meu percurso profissional que me foi moldando. Comecei por ser developer na Randstad até que surgiu a oportunidade de coordenar uma nova equipa de engenharia que estaria alocada apenas a projectos de marketing digital. Foi aqui que o meu percurso começou a evoluir num sentido digital e já com alguns elementos de comunicação. Depois foi mesmo uma questão de exploração e aprendizagem continua.


Como é atualmente o teu dia-a-dia de trabalho na Legendary?

Como dizemos na agência, o nosso dia-a-dia é sempre a abrir! Não gostamos de rotina e isso é algo que está presente em toda a equipa, todos trabalham projetos e desafios completamente diferentes. Temos clientes muito diversificados e isso requer uma grande capacidade para ligar e desligar dos projetos.

Eu estou muito ligado aos clientes, à engenharia e às questões estratégicas.

O meu dia acaba por ser um caos organizado: tanto estou em Lisboa a reunir com um cliente ou prospect, como estou a passar briefing e a participar em brainstormings com a equipa. Pelo meio ainda resolvo questões relacionadas com a gestão e operação da Legendary. São dias cheios em modo imparável mas é muito gratificante.


Quais foram os maiores desafios que enfrentaste até hoje, no campo profissional?

Os maiores desafios que enfrento nem sequer estão ligados ao digital, mas sim ao dia-a-dia da gestão de uma empresa. O maior desafio é a gestão de pessoas dentro da agência. As empresas são feitas por pessoas, e isso é algo que nos preocupa e nos toma bastante tempo na Legendary.


Podes destacar um ou dois projetos em que mais gostaste de participar?

Tenho 2 projectos que me fizeram vários cabelos brancos e acabam por ser os mais marcantes.

Sonae – Programa Contacto

Quando ainda fazia parte da Randstad ganhámos um projecto de re-styling da identidade e da plataforma do Programa Contacto. O resultado final ficou impecável mas inovámos tanto no design da plataforma que o parceiro responsável pelo desenvolvimento não estava a conseguir implementar, pelo que tivemos de ser nós. Estamos a falar de um portal em sharepoint em que tínhamos 0 de conhecimento interno, e em que dos 4 meses do projeto já só nos restavam 2 para o go-live. Após muitas reuniões de stearing e validação lá conseguimos implementar o projeto a tempo e tal como tínhamos desenhado. Foram 2 meses com noitadas constantes. Lembro-me perfeitamente de um dia em que às 4 de manhã estava no Norteshopping com a equipa de IT e a seguir arranquei para validações com toda a equipa de RH na Maia. O meu chefe veio de Lisboa com umas natas na mão para levantar a moral da equipa e acabou por adormecer debaixo das mesas.

Parfois – Natal 2015

Já na Legendary, o desafio era criar uma campanha integrada e global para o natal da Parfois. Em parceria com a equipa de marketing montámos conceito, micro-site de campanha, packaging e montra. Estamos a falar de um micro-site que tinha integração com os produtos e stocks da loja online da Parfois. As pessoas saíam do micro-site e quando entravam na loja online tinham todos os produtos no carrinho e podiam finalizar a compra. Tivemos de lidar com fornecedores, testar toda a operação e garantir que nada falhava. Isto sem contar com toda a loucura de produções fotográficas e deadlines apertados…Foi sem dúvida desafiante mas o resultado valeu a pena!


Pensando na forma como as empresas/marcas têm usado os canais digitais em Portugal, o que consideras que ainda precisa evoluir?

Ainda estamos no início. Atualmente já se vê uma preocupação e aposta clara no digital mas sinto que faltam recursos qualificados no mercado. Se por um lado já temos um geração nativa do digital, toda a formação superior está desatualizada e antiquada.
Felizmente temos formação complementar capaz de rivalizar com o que se faz lá por fora.


Quais são as tendências que estão a surgir no setor do desenvolvimento?

A tendência aponta para IOT, mas vamos ver o que vai sair nos próximos tempos!

Nós não nos prendemos à tecnologia e por norma nem é algo que seja muito discutido. O que nós dizemos é que nem se deve dar pela tecnologia, se estamos a falar dela é porque está com problemas. A experiência é tudo!


Que recursos utilizas para te manteres atualizado sobre a área do digital?

Acompanho essencialmente o que se faz pelos US, Uk e Holanda. Talvez AdWeek seja o recurso que mais utilizo, de resto é mesmo seguir as marcas e tudo o que fazem a nível global.


E nos teus tempos livres? O que gostas de fazer?

Sou um apaixonado por viagens! Adoro conhecer pessoas e partilhar experiências com diferentes culturas. O ano passado fiz um inter-rail sozinho e foi sem dúvida uma das melhores experiências da minha vida.

Viajar abre a mente e ajuda a trazer novas ideias e influências para o trabalho que fazemos no dia a dia.


Como está a ser a experiência de ser tutor na EDIT.?

Estou a gostar muito da experiência e sempre foi algo que quis fazer. Quero estar ligado à vertente do ensino e formação e acho que sem dúvida este é o ponto que precisa de mais atenção no imediato. Ainda não existem recursos qualificados a sair das faculdades e precisamos de injectar o mind-set digital o quanto antes.


Podes deixar um conselho para os nossos alunos que pretendem entrar no mercado?

Faz acontecer e serás valorizado por isso. Não me interessa se não tens um curso da área. Se és determinado, tens um bom pensamento estratégico ou consegues montar um site responsive com as últimas tecnologias és um recurso super válido.



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