Alexandre Marreiros
Tutor

Entrevista

Alexandre Marreiros integra a equipa de tutores do Programa Front-end Development da EDIT. Lisboa e do curso React Development em formato Remote Learning.

Fala-nos um pouco da tua experiência profissional e da tua rotina.

O meu trabalho é pouco rotineiro, mas é planeado de forma a conseguir cumprir vários objetivos por dia.

Geralmente, o dia começa precisamente pela validação das tarefas. No planeamento do dia procuro que as tarefas mais criativas ou de documentação sejam feitas ao início do dia, deixando para a tarde e para a noite as tarefas de desenvolvimento. O dia de trabalho termina tipicamente a validar os objetivos realizados nesse dia e a tentar fechar as tarefas do dia seguinte. Procuro ter todos os dias pelo menos 30 minutos, mesmo que fora do escritório, para estudar um pouco e analisar tendências.


O que mais e menos te emociona na tua profissão?

Não conseguiria definir apenas uma circunstância que me emocione na minha profissão, pois existem várias que me têm e continuam a emocionar no dia a dia. No entanto elegeria essencialmente dois. Primeiro: quando sinto que, pela minha componente de mentor, consegui ajudar um colega a superar-se e evoluir. Segundo: chegar ao final de um projeto e ver que a minha equipa deu tudo o que era necessário para fazer dele uma solução de referência e conseguiu.


Quais foram as tuas maiores inspirações que te levaram a escolher esta profissão?

A epifania, por assim dizer, deu-se ainda na adolescência. Eu era um adolescente atleta com aspirações a músico e um dia, no 10º ano, fui a uma visita de estudo à feira de informática e telecomunicações do IST. Fiquei tão fascinado com o que faziam aquelas pessoas que, nos dias seguintes, faltei à escola para ir assistir às palestras. Percebi, naquele momento, que era aquele conhecimento que queria obter e com ele trabalhar.


Qual é o aspeto mais difícil ou desafiador na tua profissão?

As pessoas, definitivamente. A gestão de expectativas de clientes, colegas e alunos nem sempre é fácil… O equilíbrio entre o que o ser humano deseja e aquilo que é exequível a cada momento. É uma característica da profissão nem sempre ter boas notícias para dar.


Que parte do desenvolvimento é mais gratificante?

Na minha ótica, em todos os projetos que desenvolvo diria que é a fase final quando começamos a ver as pessoas a experimentar o nosso trabalho. É também muito gratificante ter a oportunidade de interagir, na nossa vida pessoal, com o software que criamos. Essa situação caricata aconteceu-me há uns anos numa deslocação ao Banco.


De fora parece um trabalho muito racional, mas a criatividade é também necessária para programar?

Sem dúvida que sim. Programar requer capacidades metafóricas e de abstração que com alguma criatividade se simplificam. É verdade que programar é um trabalho racional, mas a indústria de software evoluiu para um patamar onde o sentido crítico e criativo são essenciais para se fazer um bom trabalho.

Essa é uma pergunta importante, porque muitos programadores acham que não são criativos, mas esta é uma característica essencial.


Este é um meio com falta de mão de obra qualificada. Porquê que achas que isto acontece?

É uma pergunta que me tenho feito muitas vezes. A minha opinião sobre o tema tem mudado ao longo do tempo, mas há duas questões que são incontornáveis:

– Falta de ensino qualificado. Não é fácil conseguir obter formação de qualidade nesta área e apesar de haver muita informação online nem sempre é coerente ou correta.

– Dimensão do mercado.


Podes destacar dois projetos que tenhas como referência?

A nível global, o meu maior projeto de referência é definitivamente a Amazon, uma loja automatizada que começa no online e termina nos armazéns com as encomendas a terem seguimento através de Drones. Outro projeto que, para mim, é referência é o projeto Caixa Direta da CGD que marcou claramente uma mudança a nível nacional na área de home bancking e mobilidade.


E trabalhos teus? Refere um ou dois trabalhos que te deram especial gosto realizar.

Dos projetos em que participei, deu-me especial gosto a implementação do 3fitness. Na altura, este projeto permitiu dinamizar no online o conhecimento que um grande amigo tem para ensinar na área do desporto. Outro projeto de referência no meu trabalho foi o projeto caixa direta W8 com que tive oportunidade de participar com a minha equipe.


Para quem deseja ir para programação, que linguagem a pessoa tem que começar a estudar?

Para quem quer começar a programar, o ideal é começar pelos conhecimentos base, como a definição de funções, objetos, ciclos e entender a parte mais abstrata pela experiência. Na minha opinião, a melhor linguagem para isso é pseudocódigo (uma linguagem de programação baseado na língua nativa da pessoa).

Uma vez superado o obstáculo de aprender a programar, a linguagem certa a estudar depende muito do mercado em que se pretende trabalhar, sendo que C#, javascript e php são as linguagens com maior hipótese de entrada no mercado.


O que gostas de fazer nos teus tempos livres?

Nos meus tempos livres gosto de praticar desporto que é uma grande paixão, estar perto do mar, partilhar tempo com entes queridos e amigos. Gosto também de dedicar algum tempo a investigar e estudar para melhorar e tornar-me melhor no que faço no dia a dia.


Um bom profissional reflete-se num bom tutor?

A experiência de um bom profissional é muito importante quer para estabelecer role models quer para prevenir os alunos de alguns desafios que irão encontrar. No entanto, nem sempre o facto de alguém ser um bom profissional faz com que ele possa ser um bom “mentor” para outros. Diria antes que um bom tutor tem também de ser um profissional de excelência.


Procuras estabelecer novas técnicas e processos pedagógicos para aplicar nas tuas aulas?

Sim, o facto de achar que o ensino profissional e académico está suportado num modelo gasto impulsionou, em primeira instância, a emparceirar com a EDIT..


Como descreves a metodologia de ensino na EDIT.?

Uma metodologia ágil e baseada no conhecimento da própria indústria, o que permite que possamos dar aos alunos um conhecimento vindo diretamente das trincheiras. Em termos de preparação, esta metodologia torna os alunos mais aptos para os obstáculos do dia a dia.


Os alunos são estimulados a participar em projetos colaborativos nas tuas aulas?

Sim, no curso de frontend e responsive procuramos envolver ao máximo os alunos, nomeadamente na forma como é entregue a matéria do programa. Ao longo das várias edições do curso, nunca houve dois cursos iguais porque ele funciona muito na lógica de legos: as peças estão cá, mas a forma como é construído o conhecimento dos alunos dependerá, antes de mais, do grupo.


Qual a importância do feedback dos alunos?

É vital para que seja possível manter os conteúdos adaptados e correspondentes às necessidades dos alunos, bem como das empresas e mercados.


Que recursos recomendas para os alunos se manterem atualizados sobre as matérias que lecionas nas aulas?

Normalmente recomendo duas revistas, a alistapart e a smashing magazine, e uma série de blogs. Para além disso, recomendo também alguns websites que eu próprio sigo.


Quais os maiores desafios que os alunos recém formados enfrentam ao entrar no mercado?

Penso que são essencialmente dois. Conseguir aplicar as boas práticas que lhes foram incutidas ao longo do curso. Existe uma grande preocupação da equipa de tutores em explicar qual a melhor técnica e treina-los bem para isso. Infelizmente, na nossa indústria nem sempre a melhor técnica é uma opção adoptada pelas empresas.

O segundo desafio é a oportunidade. Nem sempre é fácil para um aluno como os nossos ter oportunidade de impor de imediato o seu trabalho, até porque por vezes são alunos com formação noutra área. No entanto, com perseverança e aplicação do conhecimento adquirido, o feedback que tenho tido é que a grande maioria tem conseguido pular estes obstáculos de forma vencedora.


O contacto com as marcas no projeto final dos cursos, facilita o processo de aprendizagem e o ingresso no mercado de trabalho?

Acima de tudo é uma prova de conceito fantástica. Dá a oportunidade a quem nunca trabalhou de viver a experiência de estar numa agência. Por outro lado, a quem já trabalha, dá a oportunidade de interagir com outras áreas de conhecimento que não trabalha diretamente no dia a dia.


Na atividade profissional que desenvolves no teu dia a dia qual a área com maior potencial de crescimento?

As áreas com maior potencialidade são: internet of things, marketing automation e mobilidade. Associada a elas, surge depois diversas outras áreas como a cloud e o desenvolvimento web big data.



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