Samuel Costa Marques
Head of ECommerce & Marketing

Entrevista

Samuel Costa Marques é Head of ECommerce & Marketing na PROF e também tutor na EDIT. Porto. Nesta entrevista, dá-nos a sua opinião sobre a área e quais devem as skills de um profissional de Marketing Digital e E-Commerce. Fala-nos também sobre o novo workshop da EDIT. Porto, E-Commerce Foundations.

Os desafios do Ecommerce exigem profissionais com conhecimentos e competências específicas nestas áreas. Aos poucos vamos vendo que as empresas estão a criar essas funções nas empresas mas ainda há muito a fazer.


O teu percurso está relacionado com as áreas da Gestão de Empresas e do Marketing. Conta-nos um pouco sobre o mesmo, e as diferentes experiências profissionais que tiveste.

Dediquei toda a minha carreira nas áreas da Gestão Comercial e do Marketing em empresas nacionais e multinacionais. Lancei marcas e produtos na Hilti, construi e desenvolvi canais comerciais na Optimus e desde cedo que trabalhei projetos b2b e b2c na área digital. Em 2001 lancei o meu primeiro projeto digital (arcadenoe.pt, vivapets.com) e desde então implementei vários  projetos entre os quais destaco o relançamento da estratégia e plataforma de Ecommerce da Phone House Portugal e do  projeto de Ecommerce internacional – rocksprint.com coordenando todas as atividades desde o planeamento estratégico à implementação. Hoje lidero o marketing e canal de Ecommerce  da PROF, uma marca com 25 anos, com um projeto de renovação e crescimento muito aliciante.


O que mais te cativa na área do E-Commerce?  Quais são os aspetos mais desafiantes, na tua perspetiva?

Um negócio em Ecommerce está “live” 24/7, 365 dias por ano de forma ininterrupta. Este facto, que se distingue do funcionamento do retalho tradicional, implica por um lado, que tens de ter sempre equipa disponível ou em “modo surveillance” e por outro implica também que tudo o que queiras mudar na loja online o faças sempre com clientes. Numa loja física podes fechar a loja, mudar o stock, o visual merchandising, etc., e depois abres com tudo OK. Numa loja online tudo acontece na presença dos clientes. Hoje já temos tecnologia que nos permite preparar várias alterações numa loja online mas há sempre o momento do “go live” em que tudo pode acontecer.

Um outro aspeto muito desafiante é que este canal vai continuar a crescer bastante nos próximos anos. Há cada vez mais clientes a comprarem mais e maior diversidade de produtos. Vão tornando-se por isso, também, mais exigentes, com novos hábitos de compra, e é necessário acompanhar tudo isso diariamente. Estudar novas tecnologias, novas formas de impactar os clientes, novas formas de vender e, principalmente, novas formas de criar emoções positivas em todos os clientes. Numa venda à distância, as emoções  têm um papel muito importante na satisfação e fidelização de clientes.


Que tendências e novidades prevês neste campo?

O Ecommerce é “hoje” e não “o futuro” como ainda se ouve em corredores de muitas empresas. No digital tudo evolui muito rapidamente, não só do lado da tecnologia, que é crucial no ebusiness, mas também do lado do comportamento dos consumidores. Nos próximos anos vamos ouvir falar muito sobre realidade aumentada ou assistentes de voz associados ao Ecommerce. À medida que a capacidade de computação aumenta e se torna mais acessível, o tema da personalização do ecossistema de Ecommerce aos utilizadores será também um hot topic num futuro próximo.


Consideras que as marcas e empresas, em Portugal, estão a apostar devidamente em profissionais de E-Commerce?

Dentro de uma equipa de Ecommerce há várias funções ou domínios que devem ser assegurados: gestão de canal, gestão de conteúdos, marketing digital, logística e customer care. Em Portugal ainda há um pouco a noção que um negócio de Ecommerce pode ser gerido por um one show man, o que é um grande erro.

Os desafios do Ecommerce exigem profissionais com conhecimentos e competências específicas nestas áreas. Aos poucos vamos vendo que as empresas estão a criar essas funções nas empresas mas ainda há muito a fazer. A verdade é que, em Portugal, há também uma grande falta de profissionais devidamente habilitados e com experiência em Ecommerce. A formação é fundamental para acelerar o crescimento do Ecommerce em Portugal.


De que forma te manténs atualizado na área?

Numa área que evolui muito rapidamente é importante estudar todos os dias e ter um espírito curioso. Procurar formações externas mas também investir em auto-formação, comprando livros, lendo cases, etc.  Eu tenho um hábito que mantenho há vários anos. Praticamente todos os dias de manhã, dedico 30 minutos para ler artigos técnicos sobre Ecommerce. Faço-o normalmente bem cedo, antes de ir para o escritório.


Quais são as tuas expectativas para o novo workshop da EDIT. Porto, E-Commerce Foundations? De que forma pretendes transmitir os conhecimentos e dinamizar a formação?

Da minha experiência de alguns anos como formador nas áreas de Ecommerce e digital, percebo que muitas pessoas procuram aquisição rápida de conhecimentos e não só conhecimentos teóricos.

Neste workshop a componente prática, quer através de exemplos quer através de exercícios, terá um papel importante. Quero que os participantes possam de imediato aplicar os conhecimentos nas suas empresas, nos seus projetos de Ecommerce.


Na tua opinião, que características e skills deverá ter um profissional de Marketing Digital, e especificamente de E-Commerce, de forma a vingar na área?

As hardskills na gestão de um negócio em Ecommerce passam por um domínio das principais ferramentas de marketing digital, pelo SEO, pela gestão de conteúdos (fotografia e copy), pela logística, meios de pagamento, legislação, etc. Em muitas empresas o canal de Ecommerce vive com autonomia pelo que os profissionais devem conseguir olhar para este como um negócio ou quase como uma empresa.

Como softskills destaco a importância de ter um espírito aberto, olhar para o mundo sabendo que lá fora há muito mais pessoas com experiência em Ecommerce do que dentro da nossa empresas e que é possível aprender todos os dias. Como muito do trabalho que se faz em Ecommerce e em marketing digital implica fazer, medir, corrigir, é importante que os profissionais de Ecommerce não tenham medo de arriscar e de falhar. Faz parte do processo.


Que conselhos darias a quem pretende entrar agora neste mercado de trabalho?

Este é o momento! Nunca se falou tanto de E-commerce como agora, nunca tantas empresas, em particular em Portugal, estão a tomar decisões de investimento de entrada neste canal. Há claramente oportunidades e faltam profissionais habilitados, com experiência e principalmente com formação específica em E-commerce.



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