Visual Design – Novos canais, os mesmos princípios

Artigo

"Hoje em dia, a proliferação de canais em que podemos (...) comunicar levou a uma necessidade ainda maior de, como designers, termos de entender para quem falamos e como deve ser articulado o nosso discurso, verbal e/ou visual". O Founding Partner & Creative Director da VOLTA, Pedro Vareta, aborda neste artigo as novas (sub) categorias do design, e a importância do estudo dos códigos de design visual e de comunicação para os profissionais da área.

Hoje em dia, a proliferação de canais em que podemos (e se tivermos uma marca, devemos) comunicar levou a uma necessidade ainda maior de, como designers, termos de entender para quem falamos e como deve ser articulado o nosso discurso, verbal e/ou visual.

Com o advento do digital, surgem cada vez mais novas categorias de design, que são muitas vezes sub-segmentações e uso de terminologias mais específicas para ajudar a entender certo área de design. A par das mais comuns categorias de design (como o design gráfico, design de produto/industrial, design de moda…) surgiram novas (sub) categorias como o web design, motion design, game design, UX and UI design ou interactive design. O digital trouxe novas tecnologias, ferramentas, plataformas e regras, e fez surgir novas hipóteses e novas necessidades: daí a necessidade prática de se aplicar novos termos que nos ajudam a descriminar melhor o trabalho realizado em certas áreas do design. Mas apesar de estas novas categorias terem características, aplicações e especificidades próprias, bebem todas da mesma base e mesmos princípios gráficos, e todas procuram praticar boas práticas visuais e de experiência do utilizador.

Um designer digital (seja motion, UI ou web designer..) aborda questões técnicas diferentes de um designer gráfico (mais offline), mas tem também objetivos de comunicação, orientando-se pela mesma cartilha base e trabalhando a hierarquia visual dos conteúdos. O contraste, alinhamento,  equilíbrio, proximidade, repetição e espaço são, ainda e sempre, os princípios basilares do uso dos elementos do design (a linha, forma, direção, tamanho, textura e cor).

No fundo, o planeamento inerente ao desenhar de um interface digital também existe, de certo modo, na criação de um poster para um evento (ao conduzirmos a visão do espectador pelos conteúdos que consideramos mais relevantes, definindo um percurso com a hierarquia de conteúdos) ou no desenho de uma embalagem, seus encaixes, faces e formas.
Muda o meio, as ferramentas e o layout, mas os princípios de uso dos elementos são semelhantes.

Apesar de por vezes o mundo do design ser cada vez mais compartimentado em tantas sub categorias,  as mesmas nunca estiveram tão ligadas e próximas, permitindo que a coerência de um projeto entre os vários suportes, plataformas e canais seja cada vez mais forte.

Creativity is just making interesting connections between things“, diz Jessica Walsh. Se a criatividade existe para fazer ligações interessantes entre coisas, o design é o veículo para tornar essas ligações reais, sólidas e visuais.

Por isso, o estudo dos códigos de design visual e de comunicação nunca foi tão importante: se dantes pensávamos a criação de uma marca ou campanha para um leque limitado de suportes, agora temos de prepará-la para viver num sem número de plataformas, com códigos visuais e regras de utilização específicas, mantendo a sua coerência gráfica e de discurso. Temos de perceber que o consumidor pode ser impactado pela marca das maneiras mais improváveis possíveis e garantir que o primeiro impacto é sempre impressionante, positivo e aliciante.

Hoje, quaisquer brand guidelines devem ser definidas com elasticidade suficiente para serem aplicadas num outdoor, flyer, packaging, e/ou uma app, website, ou campanha de marketing digital. Entre todos os suportes deve haver uma total coerência de imagem e mensagem.

Se considerarmos design visual o trabalho de design em qualquer meio de comunicação visual, entendemos que o conhecimento das regras básicas do design de comunicação, design gráfico e estética é imperativo para um trabalho sólido em qualquer uma das “novas” áreas do design digital.

A necessidade de criarmos design que tenha tanto de útil como de belo, é algo transversal a qualquer meio ou disciplina, pois o objetivo deve ser sempre causar um sentimento de deleite, de satisfação, curiosidade e recompensa. E esses sentimentos devem surgir tanto pela parte funcional como pela parte da beleza (estética).

Como diz Gadi Amit: “Sometimes good design is very utilitarian, sometimes its more flamboyant and artistic, but all in all its about causing an emotional reaction that is either on the more cerebral side, kind of this feeling of delight or surprise over an object’s function and beauty, or sometimes just the beauty. Beauty is a need; it’s something we need and crave and gravitate toward.”


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