Product Design: como entrar neste mercado?

Artigo

A área do Digital Product Design está a crescer, e o número de ofertas de emprego acompanham esta tendência. Se tens curiosidade em saber mais sobre o mercado e os processos de recrutamento, como criar um bom C.V. e portefólio e, ainda, perceber que empresas são as mais indicadas para o teu perfil, lê este artigo.

Como todas as áreas diretamente ligadas ao digital, a evolução é uma constante e o mercado de trabalho tem procurado cada vez mais Digital Product Designers. Neste sentido, coloca-se a pergunta: como conseguir emprego em Product Design?

Para dar resposta a esta questão, os gestores da equipa de Product Design da K2 Digital agency partilharam algumas dicas importantes num artigo do Medium.

Como é o processo de recrutamento?

Por exemplo, na Google, o processo é o seguinte:

  1. Phone screening;
  2. Análise do portfólio;
  3. Desafio de design;
  4. Reunião no local de trabalho;
  5. Correspondência de equipa – “team matching”;
  6. Oferta de trabalho.

A Google é, claro, uma empresa muito grande, com escritórios por todo o mundo. Em situações de empresas mais pequenas, é mais simples, mas os passos relevantes são os mesmos. O CV e portfólio são analisados para se decidir se a pessoa é convidada para uma reunião no escritório ou não.

Se, após a reunião, os recrutadores não tiverem certeza sobre o profissional, mas consideram que será potencialmente um ótimo candidato, pode ser dado um desafio de design para ser resolvido. Depois disso, ou agradecem, ou enviam a oferta, sendo que a pessoa irá aceitar, ou negociar. Em algumas empresas, as fases iniciais do processo são dirigidas pelos Recursos Humanos, e não pelos design managers.

Qual é a coisa mais importante que os recrutadores procuram?

É sempre a resposta a uma pergunta fundamental: o candidato é um bom match para a cultura, equipa e projetos da empresa? O processo de recrutamento diz respeito a encontrar os candidatos que são mais adequados para uma determinada empresa.

As empresas não procuraram propriamente “o melhor” mas sim “o melhor match”. Uma pessoa pode ser o designer mais incrível, mas se as suas skills, experiência ou personalidade não corresponderem às necessidades da empresa, então não fará sentido ser contratado. Além de que, olhando pela perspetiva mais comercial, a empresa deve certificar-se que aquele profissional irá trazer mais valor do que custos.

Quais são as skills e responsabilidades de um Digital Product Designer/UX Designer?

Um profissional desta área deverá saber:

– Desenhar interações, processos e user interfaces, com Sketch ou outra ferramenta de wireframing/prototipagem;

– Desenhar arquitetura de informação (Excel) e definir features/conteúdo;

– Recolher requisitos e realizar workshops;

– Criar estratégias e conceitos de produtos;

– Vender o trabalho ao cliente ou ao chefe (capacidade para explicar e defender o seu trabalho, preparando apresentações);

– Planear e moldar o processo de design.

Os dois primeiros pontos são os pilares de tudo o resto. O design em si é muitas vezes a parte mais fácil do trabalho, mas para o fazer corretamente, é necessário ter uma sólida compreensão da teoria, pelo menos, alguns anos de experiência profissional e um bom conhecimento de UI e padrões de negócio.

Como preparar o CV e portefólio?

Estes documentos são muito importantes e devem ser curtos e concisos, com bom aspeto, legíveis e “amigos” dos recrutadores, dado que vêm dezenas deles. Um bom CV não é mais extenso do que uma página, tem uma pequena introdução pessoal e uma lista clara com as experiências profissionais e responsabilidades em cada uma. A foto não é necessária, mas é bom tê-la, pois torna a pessoa mais fácil de ser lembrada.

Uma página, uma fonte legível, texto preto sobre fundo branco e uma boa foto são suficientes. Normalmente, os melhores designers têm os CVs mais simples.

O portfólio é considerado ainda mais importante do que o CV. Todos os designers à procura de trabalho devem ter um, especialmente os designers juniores, pois desta forma mostram a sua vontade e dedicação em praticar e aprender. Como UX ou Product Designer junior, pode-se fazer alguns projetos para si ou para amigos, sem lucros ou para uma comunidade open source. Os candidatos juniores com portfólios são sempre preferidos em detrimento dos que não têm.

Os portfólios podem ser em .pdf ou website, perfil de Behance, ou noutros formatos. Para o seu conteúdo é importante:

Mostrar os produtos parciais do processo (wireframes, sitemaps, entre outros) e o efeito final (screenshots ou links);

– Descrever resumidamente a função em cada projeto, o desafio e a solução;

Não incluir fotos de paredes cheias de post-its;

– Certificar-se de que o portfólio está repleto de projetos adequados à posição. Os recrutadores não se importam com as skills de ilustração, design de logótipos de marcas, móveis ou casas, quando estão a procurar Product Designers ou UX Designers.

O ideal é que o portfólio esteja online, que inclua um link para o website, Behance, Dropbox ou Google Drive, e não seja enviado por email, se contiver, por exemplo, um arquivo pdf de 35 MB em anexo.

A entrevista e o design challenge

No momento da entrevista os recrutadores, normalmente, querem ouvir qual o histórico profissional, aquilo que já fez (devem ser mostrados alguns projetos do portfólio e descrita a função em cada um deles de forma breve), como é o dia de trabalho e o que faz, com quem trabalha e como, quais são as coisas mais importantes em que, usualmente, se concentra, o que gosta de fazer e o que considera ser uma perda de tempo, qual o salário esperado e quando se pode juntar à equipa. Antes da reunião, deve-se tentar aprender o máximo possível sobre a empresa através de pesquisa. Nunca mentir sobre algum aspeto da sua história e ser-se sempre honesto é crucial.

Alguns recrutadores dão um desafio de design aos candidatos na reunião, para que seja resolvido no momento, à sua frente, ou para concluir dentro de uma semana, por exemplo. Neste caso, normalmente é enviado um pequeno resumo para desenhar um ou dois ecrãs e a abordagem ao projeto depende sempre do candidato, pois é bastante aberto. Neste desafio o que é avaliado é o conceito por detrás do trabalho e o próprio trabalho.

Como escolher a empresa certa para se candidatar?

Basta o candidato perguntar-se: gosto dos projetos anteriores em que a empresa trabalhou e gostaria de participar deles? Gosto dos meus potenciais novos chefes? Eles são conhecidos dentro da comunidade? Poderia aprender algo com eles? Gosto do escritório? A empresa é transparente? Gosto da sua cultura?

Como Product Designer ou UX Designer, pode-se trabalhar geralmente em agências, empresas de software, consultoras, estúdios de design, grandes empresas estabelecidas (que muitas vezes não são “digitalmente nativas”) ou startups.

Para concluir qual seria a opção mais indicada, o ideal será pensar em que tipo de trabalho e ambiente de trabalho encaixaria melhor, sendo que cada uma pode ter vantagens e desvantagens para o candidato. Por exemplo, numa agência, terá a oportunidade de trabalhar com clientes diferentes de diversos setores e aprender muito, criando muitas vezes coisas completamente novas, a partir do zero, e num ambiente muito rápido. Por norma, a atmosfera é informal e descontraída, e poderá estar a trabalhar com alguns colegas muito experientes, mas também com muitas pessoas muito jovens, o que é bom. Mas sempre terá de lidar com os clientes, que terão sempre a palavra final quando se trata dos seus projetos. Agência será, por isso, o melhor lugar para aprender, no caso dos designers juniores.

Numa grande empresa, o ritmo do trabalho é geralmente mais lento. Trabalham-se em coisas que já existem, raramente em algo completamente novo, mas aqui é possível concentrar-se profundamente em apenas um assunto. Haverá mais hierarquia, trabalha-se em equipas maiores e pode-se encontrar burocracia e processos já estabelecidos, e a cultura será mais formal e tradicional.

Numa startup o trabalho tende a ser frenético e o Product Designer trabalha com uma equipa pequena e muito dedicada. No entanto, terá a oportunidade de co-criar algo realmente novo e de se sentir responsável ou por um sucesso ou por um fracasso da empresa. Esta opção será melhor para designers mais experientes, pois muitas vezes pode ser o único designer no barco, e este deve realmente acreditar na missão da empresa.

E qual empresa é a melhor se se receberem várias ofertas de uma só vez? O candidato pode ser tentado a escolher a empresa que simplesmente lhe oferece o melhor salário no momento, e isto é compreensível. No entanto, pode sempre negociar o dinheiro, mas não é possível alterar os chefes, a cultura e os projetos da empresa. Então deve-se escolher sabiamente. Boa atmosfera, boas pessoas, projetos interessantes, equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, desenvolvimento pessoal, etc. são muito mais importantes do que alguns euros a mais.

Concluindo, esta é, assim, uma compilação de várias dicas relevantes para os que pretendem ingressar no mercado profissional, enquanto Product Designers, e selecionar aquelas que poderão ser as melhores oportunidades e de evolução na carreira, face à quantidade de ofertas que existe atualmente e que irá, tendencialmente, aumentar.

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