Make beautiful things. They work. by Pedro Vareta

Artigo

Pedro Vareta, Partner & Creative Director da VOLTA - Branding & Digital Studio e tutor da EDIT., mostra neste artigo como o lado estético é importante no design, para além da experiência do utilizador.

“Design é humano. O que importa não é “ser bonito”, mas sim criar uma conexão entre o produto e as nossas vidas.”
- Jenny Arden – UX designer lead na Google -

Atualmente, o discurso sobre design está sobretudo centrado na experiência: uma experiência que deve ser o mais “humana” possível, intuitiva, imediata, fácil, que comunique com as nossas emoções e ações, que seja um reflexo de nós próprios.

Mas durante a “criação” de experiências, qual o papel da beleza, da estética? É um papel secundário, um parente pobre da eficácia e da funcionalidade? É um simples add-on aos produtos que criamos? Ou é antes um órgão vital do produto, serviço ou plataforma que desenvolvemos?

Qualquer designer ou diretor de arte já se encontrou nesta encruzilhada entre beleza vs. funcionalidade ou eficácia.

Trabalhando na área do design, online ou offline, a verdade é que o que trabalhamos é comunicação e experiências, sendo o nosso dever passar mensagens. E se essas mensagens não atingem os seus objetivos (o produto não vende, a app não funciona, o interface não é intuitivo, o evento não cativa, a marca não mostra o seu posicionamento), o nosso trabalho falha.

O enquadramento atual mostra-nos que as marcas mais valiosas do mundo atualmente (Apple, Google, Beats, Nike, Coca-Cola…) cada vez dedicam mais tempo, dinheiro, cuidado e reflexão em criar a perfeita experiência de descoberta do seu produto/serviço, seja a primeira vez que se navega num site, que se utiliza um smartphone, tablet, smartwatch, que se utiliza uma app, que se abre uma embalagem, que se utiliza um produto.

Para todas as marcas de topo, a experiência do utilizador é a base do seu sucesso. Empatia e conexão entre produto/serviço e seus utilizadores é condição sine qua non para uma relação continuada com a marca, uma fidelização voluntária.

E qual o papel da beleza do produto nesta experiência? Adeptos do design “funcional” dirão que o que interessa não é “ser bonito”, é “ criar uma conexão entre o produto e as nossas vidas.” Mas a beleza não ajuda essa conexão, não é exatamente parte dela? O ser humano não procura a beleza das coisas desde que existe e ela não ajudou à sua evolução?

Design “bonito” (estética) não resolve problemas ou objetivos de comunicação por si só, mas é uma arma essencial no nosso arsenal para passarmos mensagens e criarmos o que Bernadette Jiwa chama de capital emocional: “What design does (…) is create value by building emotional capital. Today we expect products and services to be useful – and personalised and beautiful.”

Uma experiência satisfatória passa pela clareza e simplicidade de interfaces, serviços ou produtos, pela utilidade imediata, pela empatia de conteúdos, pela inovação de materiais, pela genialidade de acções, pela surpresa no uso de plataformas, pela intensidade das mensagens. E claro, pela consequente beleza de todos os anteriores, que nos atrai, que nos agarra, que nos faz sentir especiais.

A beleza é, foi e será, parte essencial de experiências mais intensas, mais funcionais, mais eficazes, com mais sucesso. Porque quem define a beleza são as pessoas: tanto as criadoras como as fruidoras. O trabalho de umas é o resultado das experiências das outras (e vice-versa).

Não separemos nunca a beleza da funcionalidade ou da eficácia: sintam-na antes como um dos alicerces das mesmas. Preocupem-se com a beleza do que criam, alimentem-se da mesma e usem-na para criar as experiências mais humanas possíveis.

Let’s all work to make beautiful stuff. It works.

 

“Beauty is how you feel inside, and it reflects in your eyes. It is not something physical.”

Sophia Loren

Pedro Vareta – Partner & Creative Director da VOLTA – Branding & Digital Studio 


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