Ricardo Carreira
Tutor

Entrevista

Ricardo Carreira é Senior Digital Project Manager na Adclick e tutor do Workshop Video Marketing Strategy na EDIT. O conceito “Don’t tell, show me” é muito forte e tem vindo a ganhar lugar ao conteúdo escrito, por isso, afirma que o vídeo nos próximos 5 anos será sem dúvida o principal dos formatos conhecidos à data de hoje.

A grande vantagem dos dias de hoje é mesmo o custo de distribuição, o reach, a interação e os indicadores que conseguimos através das plataformas digitais.


Na tua formação, cruzas a área do Marketing Digital e do Vídeo/Cinema. De que forma estas áreas se complementam, e são uma mais valia na tua profissão atual? Em algumas palavras, descreve-nos o teu percurso académico e profissional.

Em 2010, enquanto trabalhava para a Vice Magazine em Praga, tive contato com o digital e apercebi-me que este suporte iria ser fundamental na distribuição de conteúdo em vídeo e que iria retirar grande parte da relevância que a televisão e o cinema tinham na altura. Não demorou muito até sentir que o meu percurso passava por conseguir fazer com que estas duas áreas se cruzassem. Por isso, decidi regressar a Portugal e fazer uma formação na área do Marketing Digital. Entretanto, em 2012, surgiu a oportunidade de integrar a equipa da AdClick e foi realmente o sítio certo para poder aplicar o conhecimento das duas áreas. Através dos vários projetos de publishing da Adclick tenho vindo a desenvolver variadíssimas estratégias de conteúdo onde mais recentemente começamos a colocar o vídeo em lugar de destaque através de várias campanhas.


Na tua perspetiva, como é que as empresas/marcas, em Portugal, têm feito uso da ferramenta vídeo?

Lembro-me que quando optei por estudar cinema o meu grande objetivo era ser realizador de publicidade. Era fascinado por vídeos publicitários. Mais tarde, já a trabalhar em produtoras publicitárias concluí afinal que muitos dos vídeos que eu tanto gostava tinham sido feitos cá, por criativos portugueses e produtoras portuguesas. Por isso já há muito tempo que as empresas e marcas em Portugal usam e muito bem o vídeo e são reconhecidas internacionalmente por isso. A grande vantagem dos dias de hoje é mesmo o custo de distribuição, o reach, a interação e os indicadores que conseguimos através das plataformas digitais. Em 2016 acho que já se mostrou que estamos no bom caminho para manter a criatividade e eficácia do que é produzido a nível nacional. Destaco as campanhas do Licor Beirão e a do MNAA “Um pixel para o Sequeira”.


O Video Marketing é o futuro?

Eu penso que o consumo de conteúdo por parte do utilizador no formato vídeo durante os próximos 5 anos será sem dúvida o principal dos formatos conhecidos à data de hoje. Isto coloca o vídeo marketing numa posição de destaque na altura de uma marca decidir como quer criar touch points com a sua audiência. Mais do que isso é difícil de prever o que quer que seja nos dias de hoje.


Podes destacar um ou dois case studies que estejam a tirar partido das potencialidades do vídeo na sua comunicação?

Gosto sempre de falar no exemplo da Dollar Shave Club, que em 2012 deu a volta ao mercado do serviço de subscrição de laminas de barbear com um vídeo que mostrava um walk through no seu armazém brincando com vários detalhes que todo o homem enfrenta na altura de escolher a sua lamina. Com este vídeo, conseguiram pegar num tópico que à partida parece chato e tornar num momento divertido que toda a gente quis partilhar, já para não falar no foco que os outros media deram depois. Em resultado disto conseguiram 22 milhões de visualizações, cresceram para uma equipa de 45 empregados, 1.1 milhões de subscrições uma avaliação de $615M e em 2015 foram comprados pela Unilever por $1B.

Claro que não foi só o vídeo que tornou isto possível, o posicionamento da marca segue toda a linguagem presente no vídeo e isso era visível em todos os touch points do user. Na comunicação, no momento de subscrição, no merchandise, no social. Mas o vídeo foi o inicio disto tudo.


Nas redes sociais, os vídeos são geralmente mais curtos, mas existem vários exemplos de branded content com curtas-metragens que  funcionam incrivelmente bem para algumas marcas. Na tua opinião, quais são os benefícios-chave de cada um destes formatos?

 

O storytelling é uma tendência mais que validada e no vídeo ganha ainda mais força. O conceito “Don’t tell, show me” é muito forte e tem vindo a ganhar lugar ao conteúdo escrito. Contudo é importante olhar para a estratégia de marketing das marcas e entender em que ponto do funil é que está o publico que queremos atingir. Desta forma podemos ter uma escolha mais assertiva em relação ao tipo de vídeo que queremos fazer. Eu divido a Buyer’s Journey no vídeo em 5 momentos, Attract, Capture, Nurture, Convert e Expand. Cada uma delas precisa de tipo de vídeos diferentes.


Que desafios consideras que podem aparecer neste campo?

As métricas adequadas ao tipo de vídeo que escolhemos desenvolver e a indexação por parte do Google, penso que serão o desafio de qualquer marketeer que explore o vídeo no digital em 2017. Todos nós sabemos que data é um dos bens mais preciosos de marketing digital e escolher corretamente os KPI’s para uma determinada é tão importante como o processo criativo. Os indicadores em relação ao vídeo tiveram durante muito tempo restritos às visualizações e vamos ver isso mudar rapidamente. A otimização de indexação de conteúdo é um foco constante da maior parte dos projetos digitais o vídeo ao contrário do outro conteúdo que fazemos não sofre esse efeito ainda e é um obstáculo.


E projetos em que tenhas participado? Quais te deram mais gosto realizar?

O projeto que estou a trabalhar neste momento, o E-konomista, é o projeto mais completo que desenvolvi até ao momento. A AdClick é uma empresa com um carácter muito tecnológico e sem medo de arriscar em ideias mais arrojadas e inovadores. Durante os 3 anos de existência deste projeto temos vindo a crescer a 200% ao ano e sempre com uma estratégia de content marketing. Ajudar marcas a comunicar com as suas audiências criando canais e campanhas segmentadas dá-me muito gosto e ainda mais agora que começamos a assistir a uma forte procura de soluções de vídeo online. Estamos a preparar várias ações para 2017, em breve vamos ter novidades.


És tutor do novo Workshop da EDIT. – Video Marketing Strategy. Qual será o teu método de ensino? Que expectativas tens?

Acho que a formação deve ser o mais interativa possível. Por isso perco sempre algum tempo para conhecer as pessoas que se inscrevem nos meus workshops e depois tento adaptar ao máximo o conteúdo que tenho às expectativas de todos. Sou uma pessoa muito prática e por isso podem contar com muitos exercícios práticos, partilha de técnicas, uso de material de vídeo, filmagens, edição e vídeos, muitos vídeos.


 Por fim, e na tua opinião, que características deve ter um bom profissional de Marketing Digital, que possa vingar nesta área tão concorrida hoje em dia?

Essa é fácil. Vontade de saber, fazer, analisar e voltar a fazer.



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