Pedro Vareta
Tutor

Entrevista

Pedro Vareta é tutor do programa Digital Interaction Design na EDIT. e Partner & Creative Director na VOLTA – Branding & Digital Studio, estúdio distinguido com vários prédios de destaque na indústria digital. Para além de falar um pouco sobre o seu percurso e processo criativo, Pedro destaca também o poder da informação como algo que não pode ser desperdiçado.

A única tendência permanente, e que está presente tanto no mundo offline como no online, são as boas ideias.


O que te levou a ingressar na área da criatividade? Explica-nos um pouco do teu percurso de formação e profissional.

O meu percurso académico sempre foi na área das artes, por isso era natural que enveredasse por uma área criativa. Depois do curso de Som & Imagem (Artes Digitais), ainda estudei Design Gráfico em Sydney, e ao voltar para Portugal comecei a trabalhar como diretor de arte. Passado algum tempo mudei-me para Lisboa, onde tive acesso a uma realidade de trabalho mais madura e mais dinâmica. Aprendi muito e ao fim de uns anos achei que era altura de voltar ao Porto e de usar essa aprendizagem para criar a VOLTA.


Como é o teu dia a dia no trabalho?

A VOLTA é um estúdio de pequena dimensão, o que me permite estar envolvido ativamente em todas as fases dos projetos. Como partner é natural que faça de tudo um pouco, mas a base do meu trabalho diário é gerir criativamente todos os projetos que estão ongoing no estúdio.


Quais são os principais desafios do processo criativo?

Um projeto pode ter 1001 percursos, bons e maus briefings, budgets reduzidos ou mais “confortáveis”, timings apertados ou ajustados, objetivos mais ou menos ambiciosos: o grande desafio (e objetivo) é, tendo em conta todos os pontos anteriores, apresentar ideias de que nos orgulhemos e que tragam real valor acrescentado ao projeto.


A VOLTA já foi distinguida com vários prémios ao longo dos últimos tempos. Enquanto Partner & Creative Director, de que forma estas distinções enriquecem o teu trabalho?

Podemos olhar para os prémios de vários prismas:

Serem um reconhecimento pelos pares do nosso trabalho (o que em certa medida funciona como uma garantia de qualidade do mesmo), difundirem o nosso trabalho a quem não o conhece (o que nos pode trazer mais trabalho) e alimentarem o nosso ego (o que nos motiva a mantermos o mesmo nível em todos os projetos).

Todos os prismas são válidos e reais.


De acordo com a tua experiência, como vês a área do design digital e da criatividade hoje em dia, em Portugal?

Há cada vez mais pessoas a pôr bom trabalho cá fora, e com uma projeção internacional que não se via anteriormente. O ensino nas áreas criativas em Portugal tem qualidade, o que leva a que surjam “novas fornadas” de trabalho jovem e interessante a toda a hora.

Acho que temos é de perceber e olhar para as indústrias criativas numa perspectiva mais “comercial”: têm de ser um “produto exportável”, porque nós somos bons no que fazemos, temos muito para oferecer.

Portugal está na moda e não devemos, tanto designers como instituições encarregues da promoção destas indústrias, perder a oportunidade de dar a descobrir ao mundo este (possível) futuro destino criativo no canto da Europa.


Quais serão as tendências nestas áreas, na tua opinião?

A única tendência permanente, e que está presente tanto no mundo offline como no online, são as boas ideias. Podemos usar os nomes que quisermos, cruzar as disciplinas que quisermos, dispôr das últimas tecnologias: se as ideias não forem boas, nada é realmente relevante.


Refere um ou dois projetos que te deram especial gosto em realizar.

O projeto da coleção de vinhos para os 225 anos da Sandeman foi um projeto que me deu muito gozo por várias razões: pela vitória no pitch inicial contra estúdios cujo trabalho temos como referência, pela quantidade de disciplinas criativas que tivemos de juntar, pela grande aprendizagem que tivemos em áreas que não dominávamos, pela comunicação super saudável com o cliente, pelo resultado final do projeto e pelos prémios que ganhámos com o mesmo.


Podes destacar dois websites que tenhas como referência?

Qualquer lista de referências vai pecar por escassa. E os sites que realmente visito regularmente como referências visuais são listas de projetos e ideias, como NOTCOT ou até o Behance.


Que recursos utilizas para te manter atualizado sobre o mundo digital e criativo?

A base acaba por ser as redes sociais: ter acesso à partilha de conteúdos por pessoas que trabalham na área, seguir pessoas cujo trabalho admiro e visitar sites que se dedicam à filtragem dos melhores conteúdos permite-me ter acesso a informação relevante sobre este mundo.


Tens definida alguma meta a cumprir nos próximos tempos?

Gostávamos de continuar a apresentar projetos com ideias muito ricas, que tragam sucesso aos nossos clientes e nos permitam experimentar coisas novas e crescer criativamente. Para isso, um dos objetivos é trabalhar mais clientes internacionais, porque somos obrigados a sair da zona de conforto, conhecer novos mercados e realidades e integrar mais disciplinas no nosso trabalho.


Qual o teu feedback sobre ser tutor na EDIT.?

Tem sido uma experiência muito interessante: primeiro, obriga-me a estudar, a pôr em cheque ideias pré-definidas, a preparar a apresentação dos conteúdos. E segundo, há todo um lado de aprendizagem com os alunos, as suas ideias e a maneira como devo ajudá-los a dar vida às mesmas que é muito gratificante.


E nos teus tempos livres, o que gostas mais de fazer?

Estar com a família e os amigos, fazer desporto quando posso e ler quando consigo.


 Podes deixar um conselho para os nossos alunos que pretendem entrar no mercado?

Hoje em dia tem acesso a 1000 vezes mais informação, e com muito mais rapidez, do que eu tinha quando estudei. E a informação é uma arma que não pode ser desperdiçada. Não parem de pesquisar, estudar, testar e trabalhar. Tentem saber o que querem e se demorarem a saber o que é, ótimo: o processo de pesquisa só vos vai fazer descobrir mais coisas e o saber não ocupa espaço.

Saiam da zona de conforto: senão sabem, descubram. Senão dominam, treinem. Senão conseguirem, repitam.

Invistam no portfolio e na apresentação dos vossos trabalhos, tanto visual como oral. Senão souberem “vender” o vosso trabalho, quem saberá?



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